Páginas

segunda-feira, 16 de maio de 2011

A torcida esperava títulos do armador Arnaldinho


Quando a Winner/Limeira anunciou a contratação do armador Arnaldinho no mês de abril de 2007, a torcida imaginava que finalmente o título paulista fosse conquistado, afinal de contas, inteligência, liderança e experiência eram suas principais características. Ele "seria o cara", mas seria...

Quem analisa friamente os números de Arnaldinho com a camisa da Winner/Limeira chega a conclusão que sua participação foi excelente no Campeonato Paulista da Série A-1 e na 1ª Supercopa de Basquete. Mas estamos falando de números individuais e não coletivos.

Fechado e de pouca conversa, Arnaldinho não conseguiu conquistar a torcida - faltou carisma - como gostaria e ele mesmo sabe disso, tanto é verdade, que teria deixado o clube magoado após ter sido dispensado em razão do fracasso da equipe nas duas competições em que liderou as ações ao lado do também selecionável Renato Lamas.


E olha que poucos lamentaram a sua saída e a maioria sabia que medidas drásticas seriam tomadas pela diretoria e um dos atingidos seria o próprio jogador, inevitavelmente.

Por mais que seus constantes arremessos de três pontos caíssem como verdadeiros "pombos sem asa", no final a Winner sempre perdia, não em jogos da fase de classificação - onde até brilhava e sempre estava entre os primeiros - mas em jogos decisivos, quando realmente estava valendo algo. Quando mais se precisou do talento do armador, mais seus arremessos não caiam. A eficiência foi deixada de lado.

Mas de tudo isso, temos que destacar que ele conquistou dois títulos pela Winner: os Jogos Regionais de Bragança Paulista e os Jogos Abertos de Praia Grande. Foram 69 jogos e 1.479 pontos marcados, média de 21,4 pontos por partida, o que o coloca entre os 20 maiores cestinhas da história da Winner.


Em 32 oportunidades ele foi o principal cestinha do time e seu recorde individual foi de 42 pontos, justamente em um duelo contra o Franca/Unimed, no Poliesportivo do Nosso Clube, vencido pelos limeirenses por 122 a 109.

Sua chegada:

Me lembro como se fosse hoje. A alegria estava estampada no rosto de Arnaldinho em sua apresentação no Ginásio Vô Lucato. Ele afirmou na época, que sonhava em defender a equipe limeirense, mas em especial ser comandado pelo técnico Zanon, que segundo ele, era um dos seus grandes ídolos do basquete.

"Sempre admirei o Zanon. Ele era frio, calculista e decisivo, dono de um arremesso primoroso. Cheguei a viajar para outra cidade para vê-lo jogar na minha infância. Cresci tentando me espelhar nele, no Chuí e no Luiz Felipe. São jogadores que hoje fazem falta ao basquete brasileiro. Hoje graças a Deus eu tenho a chance de ser treinado por esse ótimo profissional. Estou realmente contente com esse acerto e espero cumprir com muita garra e dedicação esses 10 meses de contrato", comentou.


Arnaldinho de 1m87 e 87 kg, estava defendendo o Antibes, time da Segunda Divisão da França, quando surgiu a oportunidade de se transferir para a Winner. O craque alegou que demorou a se adaptar na França e que seu time estava lutando para não cair, apenas na 15ª colocação.
O armador estava "namorando" seu retorno a Uniara/Araraquara quando recebeu uma ligação do diretor-presidente Cássio Roque o convidando para jogar em Limeira. Arnaldinho não pensou duas vezes e aceitou o novo desafio.

Conheça a vida de Arnadinho:

Arnaldo de Souza Moreira Filho nasceu no Rio de Janeiro em 21/10/1978. É filho de Arnaldo de Souza Moreira e Jancileide Santana de Lima, tendo cinco irmãos João, Roberto, André, Pablo e Fernando, uma vez que Vágner acabou falecendo com apenas 26 anos de idade.

Arnaldinho teve uma vida sofrida, assim como quase todos os jogadores que hoje se destacam no esporte. Ele começou a se interessar pelo basquete vendo seu irmão Roberto atuando pelo Botafogo/RJ.

"Tinha apenas 7 anos de idade e minha mãe não tinha condição de me colocar em uma escolinha, pois na época não tinha dinheiro sobrando, uma vez que nossa família era muito grande. Eu pulava o muro do Botafogo para jogar basquete, até que o técnico Sérgio Menezes me convidou para treinar. Aceitei de imediato, mas continuava pulando o muro, pois eu não era sócio e ele não sabia. Chegava todo ralado e sagrando para treinar. Quando ele começava a cobrar a mensalidade dos alunos, eu disfarçava e deixava o treino mais cedo. Quando descobriu a minha farsa, ele sentiu que realmente eu era pobre e não tinha condições de pagar, mas era esforçado. Foi então que ele me convidou para defender o time mirim, para que eu pudesse entrar pela porta da frente do clube, sem me arriscar mais. Eu era o menor de todos e passei a treinar com os jogadores da idade do meu irmão. Mesmo assim eu me destacava", lembrou.



Infância agitada

Arnaldinho era o típico "serelepe" na infância e não conseguia sossegar, nem quando estava dormindo. Além do basquete, o carioquinha adorava jogar futebol e foi até treinar no Flamengo como ponta-esquerda.

"Fui aprovado pelo professor Neca, um dos mais conhecidos profissionais do Estado. Mas eu também não tinha dinheiro para pegar o ônibus. Tentava burlar o cobrador e às vezes eu pulava antes de o buzão parar, só para não pagar. Não era ladrão, mas tinha que me virar", explicou.

Chegou um momento em sua vida, que uma decisão precisava ser tomada, uma vez que ele começou a trabalhar como office-boy em uma academia de artes marciais, além de ajudar a sua mãe na feira vendendo frutas.

"Segui meu coração e optei pelo basquete. Minha mãe não se conformava, pois eu tinha acabado de ser aprovado no Flamengo e poderia ganhar muito mais dinheiro no futebol. Mas era o basquete que realmente estava no meu sangue, tanto é verdade que durante cinco anos eu assistia todos os dias uma fita do Michael Jordan, do Chicago Bulls, só para tentar aprender as suas principais jogadas. Eu era alucinado por ele e decorei a fita. Não me arrependo, pois sonhava em jogar fora do país e graças a Deus eu consegui", contou.

Uma carreira de sucesso


Depois de escolher definitivamente o basquete, Arnaldinho passou a se dedicar ainda mais na profissão. Foram várias temporadas nas categorias de base do Botafogo/RJ, até chegar ao time adulto com apenas 16 anos. Ele era lateral, mas passou a jogar como armador após ouvir os conselhos de seu técnico.

"Ele disse que eu só chegaria a seleção brasileira se fosse como armador, uma das posições mais carentes do Brasil. Ele tinha razão e esse objetivo também foi alcançado", confidenciou.

No Tijuca, Arnaldinho foi campeão juvenil e campeão da Liga Nacional B. De volta ao Fogão, foi duas vezes vice-campeão do Campeonato Carioca, com as derrotas para Flamengo e Vasco da Gama, mas classificou o time para a Liga Nacional.

No basquete paulista, o armador defendeu a Uniara/Araraquara onde foi vice três vezes, sendo duas pelo Campeonato Paulista nas derrotas para o COC/Ribeirão Preto e um vice da Liga Nacional, no tropeço para Bauru. Retornou ao Flamengo onde foi vice do Cariocão, perdendo a final para Campos. "Não conseguia ser campeão de jeito nenhum", brincou. Foi então que surgiu a oportunidade de jogar na Rússia. Pelo Unics Kazan, Arnaldinho foi campeão da Eurofiba e vice do Campeonato Russo.

Retorno ao Brasil


De volta ao Brasil, o armador reforçou o Conti/Assis, onde foi campeão dos Jogos Regionais e da Copa Milênio, justamente em cima da Winner/Limeira, no playoff final por 3 jogos a 2. Como deixou uma boa impressão na Rússia, o jogador foi convidado para jogar no Euras Ekatemburgo na Eurocopa e no Campeonato Russo. Arnaldinho deixou o clube antes do término do seu contrato, pois seu time não tinha mais chances de classificação para os play-offs.

Pelo Universo Brasília, do técnico Zé Boquinha, o armador ajudou o time a ficar em 4º lugar na Liga Nacional e pelo Conti/Assis, um honroso terceiro lugar no Campeonato Paulista.

Uma nova transferência internacional em sua vida, desta vez para o Benneton Treviso, da Itália, onde cumpriu apenas um mês de contrato para substituir um titular machucado. Seu time terminou em 8º na Euroliga. Em seguida foi para o Gattos de Monagas, da Venezuela, mas não se entendeu com um norte-americano, considerado a estrela do time, e preferiu retornar ao Brasil, onde foi para o Telemar/RJ. Depois jogou pelo Fluminense no Rio-Open e no Grajaú no Campeonato Carioca e na Liga Nacional. Depois seu destino foi a Winner/Limeira.

Winner é octacampeã dos Jogos Regionais em 2008


Com as dispensas de Telmo, Jiovanni, Paulão, Rodrigo Bahia, Arnaldinho e Brian Taylor após o fracasso na 1ª Supercopa de Basquete, a Winner/Limeira foi enfraquecida para os Jogos Regionais de Rio Claro, em 2008. Técnico Zanon contou apenas com Edu, Renato, Guilherme Teichmann e Betinho. Completaram o grupo os novatos Luís Fernando, Dawton, Ricardo, Dotti, Isaac, Rafael, Gustavo e Salsinha, que defendiam o time juvenil comandado por Pantera.

A Winner não teve dificuldades, vencendo os três jogos que disputou contra Mogi Mirim, Atibaia e Americana, conquistando pela oitava vez consecutiva a medalha de ouro.

Resultados da Winner:

Limeira 119 x 45 Mogi Mirim
Limeira 109 x 81 Atibaia
Limeira 96 x 89 Americana

*** Foto Fernando Carvalho