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segunda-feira, 23 de maio de 2011

Telmo: uma história de amor e raça pela Winner


Pelo número de pontos, dificilmente alguém conseguirá ultrapassar a marca do pivô Telmo (4.129), considerado um dos mais queridos da torcida de todos aqueles que passaram pela Winner/Limeira.


O "Deus da Raça", apelido que ganhou do repórter Edmar Ferreira, sempre será um ícone do nosso basquete, até porque antes de vestir a camisa da Winner, defendeu com muita hombridade o Nosso Clube, onde travou duelos memoráveis com os pivôs Janjão, José Vargas, Josuel, Tonico, Gema, entre outros.


Telmo com o troféu de vice-campeão paulista em 2005

Telmo dos Santos Oliveira conseguia agitar a torcida com sua vibração e espírito de luta. "Não gosto de perder nem par ou ímpar", brincou. Socos no chão, mãos para o alto, gritos de raiva e explosão no momento da disputa pela posse de bola no garrafão mexiam com todos os presentes no ginásio.

"Sempre fui assim. Gosto de ser raçudo, me faz bem", garante. Telmo era o espelho dos novatos, a verdadeira alma do time. Desde o mais novo até o mais velho, todos queriam conversar com o pivô, que adotou Limeira como sua cidade de coração. "Gosto de andar a pé pelo centro e retribuo o carinho demonstrado pelos torcedores. Fico feliz ao saber que sou um dos mais queridos", comentou em entrevista a Gazeta de Limeira.


Apesar de ser chamado de "cansado" pelo técnico Zanon, Telmo não pensava em largar as quadras tão cedo, mas precisou encontrar novos horizontes após sua saída inesperada da equipe no primeiro semestre de 2008.

A maior tristeza de Telmo é não ter tido a oportunidade de defender a seleção principal do Brasil.

"Passei por todas as categorias de base da seleção, mas faltou a adulta. Tinha condições de fazer parte de pelo menos um grupo, mas minha fama de briguento infelizmente impediu a minha convocação", lamentou.


O jogo inesquecível de sua vida aconteceu em 1992, no Mundial Sub-22 da Espanha. Depois de ter conquistado o título Sul-Americano no Chile, o Brasil ficou em terceiro lugar na Espanha após perder para a França nas semifinais e vencer a Itália na disputa de 3º e 4º. Telmo deixou seu nome marcado no confronto contra a Argentina.

"Ninguém conseguia parar o pivô Nicola, até que o professor Ênio Vecchi me deu a oportunidade de entrar na partida. Além do argentino não pontuar mais, fui o cestinha com 21 pontos. No dia seguinte os jornais espanhóis estamparam a manchete: "Quem é esse Dos Santos?". Foi um momento mágico, já que foi minha última aparição em seleções brasileiras", justificou.


Telmo com o troféu de campeão dos Jogos Regionais de 2007, em Bragança Paulista

Telmo tem uma vasta coleção de títulos. Pelo Parque Continental ganhou tudo o que disputou nas categorias de base e até eleito o melhor jogador do ano foi. Faturou títulos pelas categorias inferiores das seleções paulista e brasileira. Ganhou o Paranaense duas vezes pelo Londrina, o Mineiro pelo Unit/Uberlândia, o Paulista pelo Mackenzie/Microcamp, o Pernambucano pela AABB, o Goiano com o Universo/Ajax e a Associação Regional pela Winner/Limeira.

Em 2004 ajudou a equipe limeirense a chegar na decisão contra o COC/Ribeirão Preto, mas ficou com o vice, a exemplo de 1994, quando o Nosso Clube perdeu para Rio Claro a final disputada em Araraquara. Tem várias medalhas de Jogos Regionais e Jogos Abertos.


Um dos momentos de maior emoção do Deus da Raça: a eliminação para o Paulistano, em pleno Vô Lucato, no Campeonato Paulista de 2006

Família Unida:

Nascido em Itabuna na Bahia, Telmo enche os olhos de lágrimas quando fala de seu amor pela esposa Roberta do Carmo Nicolau Oliveira, com quem está casado há vários anos e principalmente do filho Leonardo Jacon Oliveira, xodó do guerreiro.

"Podem me xingar de tudo, só não mexam com a minha família. Defendo ela com unhas e dentes se precisar. A Roberta é meu talismã, uma pessoa especial. Assim todos tivessem a sorte de ter uma esposa tão atenciosa como eu tenho", frisou.


Telmo ergue o troféu de campeão da Liga do Oscar em 2006

O jogador contou que só conheceu Roberta pela insistência do cunhado Benhur. Curtindo as noites no Nosso Clube, Telmo foi apresentado a sua futura esposa logo após seu retorno da Seleção Brasileira Sub-22. Ele presenteou ambos com uma camisa do Brasil. O namoro oficial começou bem no aniversário de Roberta, em 24 de agosto, quando recebeu flores do apaixonado pivô. Não demorou muito e os dois oficializaram a união.

"Estava no Sírio e combinamos o nosso casamento pelo orelhão", lembrou. Dois anos depois nasceu o príncipe Leonardo, muito festejado pelo casal. "Não preciso esconder de ninguém que eu era briguento e que meu basquete vinha caindo de produção com isso. O casamento e o nascimento do Léo foram fundamentais para meu ressurgimento no esporte. Ganhei força, incentivo e tudo mudou. Não queria em hipótese nenhuma envergonhar a minha família", confidenciou.


Até colorir o cabelo Telmo prometeu para decidir o Paulista de 2005

Léo está seguindo os passos do pai e pretende um dia se tornar jogador de basquete. Além de possuir uma tabela no quintal de sua casa, onde faz centenas de arremessos diários, o prodígio vem conquistando títulos e mais títulos nos Jogos Escolares pelo Colégio São Benedito, além de ser convocado para a seleção brasileira de base.

"Ele quer aprender tudo sozinho. Às vezes dou algumas dicas, mas ele gosta de observar os movimentos dos jogadores da Winner. Espero que ele tenha a mesma sorte do pai", comentou.

Filho de Idenir Caetano Oliveira e Edinalva Santos Oliveira, Telmo tem dois irmãos, Cristiane e Fábio. O caçula atuou pelo Universo Ajax de Goiás e defendeu a Winner no Campeonato Paulista da Série A-1 de 2005/2006. Ele é muito parecido com o irmão. Até a vó Marina, da Chácara Roseira, é lembrada pelo jogador. "Ninguém faz um bolo cinco ovos como ela", destacou.



Um dia especial:

A diretoria da Winner/Limeira homenageou no dia 20/12/2006 o pivô Telmo, capitão da equipe, com uma placa de prata por sua marca histórica em Limeira. Naquela ocasião, mais precisamente no importante duelo contra Franca, o “Deus da Raça” tinha em sua vitoriosa passagem pela Winner, 3.224 pontos em 215 jogos, um recorde absoluto. Ele dedicou a conquista individual para sua esposa Roberta, para seu filho Léo e para os diretores da Winner que sempre o apoiaram.


A homenagem foi lida por Edmar Ferreira e deixou todos os presentes emocionados. Confira agora o que foi dito exatamente no dia dessa homenagem:

“Gostaria de pedir um minuto da atenção de todos vocês aqui no Ginásio Vô Lucato, neste dia 20 de dezembro de 2006. Em primeiro lugar muito boa noite. Meu nome é Edmar Ferreira, sou narrador e repórter esportivo da Gazeta de Limeira, Rádio Mix e do Segunda Esportiva da TV Mix Regional. Sou também um historiador nato da Winner/Limeira, tanto é verdade que em minhas matérias sempre trago números e estatísticas. Neste dia festivo onde todos vocês colaboraram com um Natal mais feliz das pessoas da APAE (Associação de Pais e Amigos dos Expecionais), nós gostaríamos de prestar uma homenagem justa antes da apresentação das duas equipes. Peço inclusive a compreensão do time de Franca, em especial ao técnico e professor Hélio Rubens Garcia.

Antes de mais nada, gostaríamos que o presidente da Associação Limeirense de Basquete, Osmar de Paula Júnior se dirigisse até o centro da quadra. Vamos falar agora de um dos jogadores mais brilhantes e importantes da história da Winner/Limeira. Todas as vezes que ele entra em quadra, o seu amor pelo clube é visível. É o coração na ponta dos dedos e constantes socos no ar de vibração. Eu tenho a enorme felicidade de ter apelidado esse atleta de “Deus da Raça”, afinal de contas, raça tem tudo a ver com o seu caráter e o seu estilo de jogo, não é verdade minha amiga Roberta e meu amigo Léo? Por isso, tenho a honra de homenagear este mito do nosso esporte, que atende pelo nome de Telmo pelos 3 mil pontos pela Winner. Vamos aplaudir o nosso Deus da Raça".


Flávio de Carvalho passa a faixa pela Tríplice Coroa ao guerreiro

Sua liderança fazia a Winner se sentir gigante diante dos adversários. Prova disso foi a Tríplice Coroa para alegria do técnico Zanon e do responsável pelo projeto Cássio Roque. A camisa 11 será imortalizada em breve e o seu nome jamais sairá do hall da fama de nossa cidade.


Telmo foi mais além e ultrapassou também a casa dos 4 mil pontos. Ele se despediu da equipe após a eliminação precoce na 1ª Supercopa de Basquete para o Conti/Assis, em pleno Vô Lucato. Foram 303 jogos pela Winner e 4.129 pontos marcados, média de 13,6 pontos por partida.

Telmo sempre gostou de participar das campanhas de solidariedade


Lágrimas de um guerreiro: amor eterno pela Winner