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quinta-feira, 9 de junho de 2011

Herói do título paulista da Winner, Nezinho não pensa em seleção


O armador Nezinho já foi campeão pan-americano, duas vezes campeão brasileiro e por cinco oportunidades levantou o troféu estadual, mas ao conquistar o sexto Campeonato Paulista da carreira com a Winner/Limeira, em pleno Ginásio Pedrocão, em Franca, não conseguiu segurar o choro.

Cercado pelos jornalistas, parecia ter tirado uma tonelada dos ombros. "Fui colocado à prova durante todo o campeonato", desabafou, após marcar 24 dos 98 pontos de Limeira sobre Franca.
Depois da festa na churrascaria Minuano em Franca e o desfile em carro de bombeiro pelas ruas de Limeira, Nezinho aproveita seus raros momentos de folga para ficar com a esposa Jaqueline e os filhos Giovanna, de 3 anos, e Pedro, de 3 meses de vida. Por causa deles, aliás, o armador é capaz até de pedir dispensa da seleção brasileira.

Você já foi até campeão pan-americano com a seleção e ainda consegue se emocionar com o título estadual?
Nezinho - Você não sabe como foi difícil conquistar esse título. Todas as provações que colocaram no meu caminho. Em todos os jogos do campeonato foi assim. Chorei porque tinha certeza que aquele título seria nosso.

Como foi a festa do título?
Nezinho - Bem legal: fomos a uma churrascaria em Franca mesmo, rolou música e só chegamos em Limeira às seis da manhã. Ainda teve um desfile no carro de bombeiros, com as pessoas nas ruas para nos cumprimentar.

Você foi hostilizado o tempo inteiro em Franca. Como é possível permanecer concentrado nesses momentos?
Nezinho - Quando vou jogar em Franca, faço uma preparação psicológica diferente. Jogar lá é especial, né? Porque sempre vai ter xingamento, sempre vai ter provocação para cima de mim. Então eu fico concentrado em casa, deixo até de atender ao telefone. Se entrar disperso em um joguinho que seja não rendo bem.

E a rivalidade com Helinho? Você sofreu algumas faltas fortes dele, lá em Franca?
Nezinho - Foi vergonhoso. Não é atitude de um profissional que atua no alto nível. É preciso aceitar quando adversário está bem. Não é porque eu estou pior que alguém que vou dar um soco nele para ele sair do jogo. Em Franca, o pessoal pensa que só porque está no ginásio deles tem que ganhar todas, não interessa de que maneira. É preciso ter punição para essas atitudes. O problema do Helinho comigo é pessoal mesmo. Ele sempre perde para mim e confunde a cabeça. Ele precisa repensar seus atos. Se não tem maturidade para assimilar as derrotas, eu não tenho culpa.

Já dá para voltar a pensar em seleção brasileira?
Nezinho - Seleção não é minha prioridade. Até dois anos atrás eu começava os treinos pensando nela. Hoje estou bem no meu time, com a minha família, principalmente. Se for convocado, tudo bem, mas se não for, bem do mesmo jeito.

Você poderia recusar uma chamada de Moncho Monsalve?
Nezinho - Dependendo do momento, sim. Se fosse no ano passado, eu recusaria. Fiquei dois meses com a minha família, havia seis anos que não tirava férias e foi maravilhoso. Minha filha reclamou porque não estava dormindo em casa nos últimos dias. Se não estiver com a cabeça 100%, posso até dizer que não vou para a seleção.

O episódio do Pré-Olímpico de Las Vegas tem alguma coisa a ver com sua decisão? (Nezinho se recusou a entrar em quadra num jogo do Brasil, à época comandado por Lula Ferreira.)
Nezinho - Aquilo foi superado no mesmo dia. Fui lá no quarto do Lula, pedi desculpas e hoje nos falamos com frequência. Somos amigos. Sobre a seleção, eu me doei muito para ela. Não vi nem minha filha nascer, perdi férias... A gente fazia o máximo, mas a seleção estava toda quebrada e o pessoal vinha falar do Nezinho.